Em casa de ferreiro, espeto de pau
Na Pragmatic, desenhar, pensar e implementar websites é uma das nossas áreas-chave. Mas como já devem imaginar… em casa de ferreiro, espeto de pau.
Como estúdio de design e comunicação, é sempre um desafio retirar o foco dos clientes (afinal, são eles que nos mantêm vivos) e pensar em nós próprios. No entanto, quando alguns dos projetos com os nossos clientes acabam, há sempre aquela aflição: o portfólio está desatualizado, o site não nos representa, e a montra do nosso trabalho deixa de contar a história certa.
No nosso caso, na pragmatic//Pixartidea, esse sentimento era ainda mais evidente. Vendemos serviços de web design e não tínhamos um site que nos representasse.
Em 2022, o site da pragmatic e da Pixartidea, eram uma landing page, em que o botão abria o pdf acima, no drive.
O ponto de partida
Eu, Carina, entrei para a equipa em setembro de 2022 e conheci o projeto através de um PDF. A seleção de trabalhos no portfólio era mínima e bastante desatualizada. Percebi rapidamente que o projeto “site novo” estava sempre em andamento, mas sem nunca avançar. Desde a separação entre Pixartidea e Pragmatic, o tema ficou pendente e a motivação perdia-se no meio da carga diária.
Decidimos então definir uma estratégia realista: todas as sextas-feiras, pelo menos meio-dia seria dedicado ao nosso website. Claro que houve exceções (eventos, parcerias, outras prioridades), mas olhando para trás, foi a melhor decisão. Não se tratava de fazer rápido, mas de fazer com sentido.
O cliente somos nós
Pensar num site para nós próprios é complicado. É fácil deixarmo-nos levar por tudo o que vemos lá fora: as animações incríveis, os “efeitos wow” … e querer incluir tudo. Mas esse é, para mim, o primeiro erro que muitas agências cometem. Esquecem-se de que nós também somos um cliente. Temos identidade, objetivos, tom de voz. E nós somos pragmatic(os).
Como transformar um portfólio tão distinto de forma atrativa, diferente e pragmática? Spoiler: não é fácil. E cada estúdio terá a sua abordagem. Se tiveres sugestões para melhorar o nosso site, estamos sempre abertos a ouvi-las!
Um empurrão (muito útil)
Este artigo da Design Week foi o desbloqueador que precisava para escrever isto. Há muito que este texto estava “em rascunho mental”, mas sem direção. Às vezes é preciso ser… pragmático.
Uma frase em particular ficou comigo:
“68% said they are ‘unimpressed’ with agency showreel videos, which lack context or explanation, while 66% said case studies ‘failed to tell them what they need to know, especially around the business problem the work intended to solve.”
Rob Alderson
What Clients Think report
Foi o gatilho certo. Os clientes procuram respostas. Não basta mostrar o que foi feito — é preciso explicar o porquê, o para quem, o como, e com que objetivo. Afinal, eles têm um problema. E nós temos as ferramentas e criatividade para os ajudar a resolvê-lo.
O que mostramos (e o que deixamos implícito)
No nosso site, era essencial deixar claro os nossos três pilares: design de produto (o industrial), design gráfico e web design.
Ao mesmo tempo, queríamos mostrar o nosso core, de forma natural e sem complicar a navegação. Aplicamos o nosso trabalho a várias áreas:
• Conferências e open days
• Eco design
• Biomimética
• Projetos de inovação
• Instituições de ensino
• Sustentabilidade
Dentro destes contextos, conseguimos ainda transmitir que temos experiência em marketing digital, fotografia, vídeo, e formação em áreas como eco design e biomimética. Foi a forma mais pragmática que encontrámos para contar tudo o que fazemos, sem criar um menu interminável.
Um site vivo
“Many designers treat digital like a fixed masterpiece, when in reality, it should be a living system.”
Ben Lewin
Otherway’s
É verdade. O nosso site faz um ano, e estamos agora a usá-lo como ponto de análise: que projetos devemos atualizar? Quem chegou até nós? Que tipo de cliente atrai? E sobretudo, o que procuravam?
“The beauty of digital is that you can gather data, analyse performance and refine accordingly.”
Ben Lewin
Otherway’s
Um site deve evoluir, e estamos a fazer exatamente isso. Recolher dados, entender o comportamento dos utilizadores e refinar a experiência.
Mostrar com orgulho
Era importante para nós mostrar que não somos novos no mercado. Já temos um percurso sólido e muito trabalho desenvolvido. Queríamos um site direto, sóbrio e eficaz, que nos representasse enquanto profissionais e transmitisse confiança a quem nos procura.
Para quem faz parte da equipa, também era importante sentir orgulho em mostrar onde trabalha. E sim, às vezes aparece a tal síndrome do impostor. Mas um bom portfólio pode ajudar a vencê-lo. Os nossos clientes devem sentir confiança em dizer que trabalharam connosco. E quem chega de novo deve perceber, desde o primeiro contacto, que encontrou uma equipa à altura dos seus desafios.
O nosso maior cliente
Olhar para nós próprios como cliente pode ser difícil, mas é um passo essencial. Ajuda-nos a definir prioridades, enfrentar os desafios certos e alinhar a direção que queremos seguir. Foi isso que fizemos. Queremos atrair clientes, e queremos que quem chega até à Pragmatic perceba que, além das quatro áreas principais, temos um conhecimento sólido em eco design e biomimética.
Se conseguimos identificar os problemas dos nossos clientes e encontrar soluções, porque não aplicar esse mesmo processo internamente?
Reservar tempo, planear e agir com intenção foi o que nos impediu de nos deixarmos para segundo plano. E fica a sugestão: partilhem mais o trabalho dos vossos colegas, não só porque é visualmente apelativo, mas porque também responde a necessidades reais — as deles e as vossas.
E agora?
Sentem-se inspirados para pegar no vosso trabalho interno?